A análise interpretativa sobre biodiversidade, aborda várias explanações de definições tais como: Conceitual - Eco 1.Conjunto de todas as espécies de seres vivos existentes na biosfera, diversidade 2.Conjunto de todas as espécies de seres vivos existentes em determinada região ou época, diversidade. Etim. Bio+diversidade (HOUAISS, 2001,p.455); Científica - Refere -se a toda a gama de vida estudada em três níveis: ecossistemas; as espécies que as compõem; e os genes que compõem essas espécies (WILSON,1997); Histórico - Segundo Darwin(2003) [...]quanto mais as plantas e os animais oferecerem diversidades nítidas apropriando-as a diferentes modos de existência, tanto mais considerável é o número de indivíduos capazes de habitar este país; Religioso - Em Gênesis 1- 1:31 [...]Deus os abençoou, dizendo: "Frutificai e multiplicai-vos. Encham os mares e multipliquem os pássaros na terra" (BIBLIA,2011,p.1). Em linhas gerais, a interpretação da biodiversidade ou diversidade biológica está relacionada com a grande variedade de formas de vida.
A importância dada ao tema deu-se também, principalmente após a Cúpula Mundial da ONU no Rio de Janeiro em 1992, quando a Convenção sobre Biodiversidade foi adotada objetivando desenvolver estratégias e iniciativas de melhoria da gestão do uso sustentado da biodiversidade.
Com essa gama de fundamentos, no sentido prático, como considerar o meio ambiente sob a perspectiva da biodiversidade? Pelo tipo quantitativo de espécies existentes por unidade de área? No suprimento das necessidades da vida, como água, comida, oxigênio e outras condições de sobrevivência? Pela capacidade de mensuração da renda econômica e/ou financeira de suas fontes naturais? É sabido que a maciça extinção da variedade de todas as coisas vivas é causada por uma única espécie - os humanos. A contextualização sobre biodiversidade é abrangente. Duas girafas e um elefante na savana são insuficientes para cobrir o conceito - não obstante, é necessário. Partindo desse pressuposto, parafraseando o site Australianmuseum (2018), interpreta-se a sua amplitude nas seguintes vertentes:
Diversidade de espécies
Sendo a variedade de espécies agrupadas em uma região ou habitat. Usa a palavra biodiversidade, a identificação do número total de animais e plantas em uma determinada área ou o número de espécies diferentes. Quanto maior a área, mais riquezas de espécies devem existir até que se possa dizer que há alta biodiversidade na área.
Diversidade genética
Sendo a composição particular de espécies, e, desta forma, responsáveis pelas semelhanças e diferenças entre os organismos constituindo as unidades básicas de toda a vida na Terra. Esse tipo de biodiversidade é quase invisível, mas é incrivelmente importante. A diversidade genética abrange a variedade de genes dentro de uma espécie ou população. Por exemplo, a diversidade genética de rinocerontes é considerado baixa, já que há menos de 4 gêneros, 5 espécies e poucos seres, além de fatores como baixa reprodução e condições vulneráveis de habitat... para ter uma idéia, no Brasil, há apenas 12 rinocerontes. Por outro lado, a diversidade genética é muito alta entre os peixes esporões cinzas, que, portanto, tem uma chance muito maior de sobrevivência e adaptação se exposto, por exemplo, alterações climáticas ou doenças.
Diversidade de ecossistemas
Sendo compreendida como a comunidade de organismos em interação ao ambiente físico. Esse tipo de biodiversidade raramente é mencionado porque é muito complexo. Denota o número e a qualidade dos ecossistemas em uma determinada área. Exemplifica-se os muitos processos naturais diferentes na floresta fazem dele um ecossistema. As tempestades ajudam a transformar o solo em húmus para as plantas podem absorver nutrientes posteriormente. O clima muda as estações conforme o ciclo de desenvolvimento das árvores. O acontecimento de fenômenos meteorológicos conforme ocupação das vegetações. Os animais também fazem parte do ecossistema porque atuam na diversificação comendo sementes, polinizando flores e interagindo com outras plantas e animais. Quanto mais complexos e diferentes em uma área, mais diversidade de ecossistemas.
Observa-se mesmo sem o fator humano, a biodiversidade tem um valor intrínseco. Ao contrário do que ocorre na sua ausência para existência humana... além disso, as condições de vida atual, e, especialmente das futuras gerações, inclusive a manutenção e melhoria sócio-econômica, medicinais, alimentar são regulados e controlados pela variedade oferecida pela natureza. Dentro deste foco, percebe-se a a importância das florestas dentro da cadeia alimentar na transformação do carbono em oxigênio no processo da fotossíntese. Não menos importante, é alertar quanto ao emprego do fogo para fins diversos, desde as queimadas para agropecuária até os grandes incêndios florestais, tornando os ambientes irrecuperáveis de sua biodiversidade, e consequentemente ao clima global.
A superexploração humana dos recursos do planeta tem graves consequências para a vida selvagem e as plantas do planeta. De acordo com o Living Planet Report da WWF (2016), a biodiversidade está em declínio acentuado. Os estoques de um número de aves, mamíferos, peixes e répteis selecionados caíram 58% desde 1970. Em menos de 50 anos, reduzimos em mais de metade o estoque de animais silvestres que foram investigados.
Algumas implicações de carácter educacional são pertinentes neste contexto. O clima com temperaturas em elevação leva a uma diminuição surpreendentemente rápida na quantidade de insetos e, claro, a todas as espécies existentes. Especialmente as regiões tropicais muito estáveis agora sofrem de pequenos e graduais aumentos de calor. Cabe citar em uma recente publicação da revista científica Proceedings of the National Academy os Sciences of the United States of America PNAS (2018), as florestas ao redor das montanhas de Luquillo, no leste de Porto Rico, pesquisadores mapearam o desenvolvimento da biomassa dos artrópodes (sua massa total) por meio de armadilhas. Os números são comparados com os dados de 1976 coletados pelo mesmo método. Os pesquisadores descobriram que a biomassa dos insetos estava entre dez e até 60 vezes menos em 2013 em comparação com 1976.
Finalmente, ressalta-se Wilson, no livro Diversidade da Vida:
Eu suspeito que tudo vai descer para uma decisão de ética-how valorizamos os mundos naturais em que nós evoluímos e agora, cada vez mais, como consideramos nosso status como indivíduos. Somos fundamentalmente mamíferos e espíritos livres que atingiram este elevado nível de racionalidade pela criação perpétua de novas opções. A filosofia natural e da ciência trouxeram em relevo claro o que poderia ser o paradoxo essencial da existência humana. A unidade em direção perpétua expansão, ou pessoal liberdade, é fundamental para o espírito humano. Mas para sustentá-la, precisamos do saber mordomia mais delicada, do mundo vivo que pode ser inventado. Expansão e gestão pode parecer à primeira vista, objetivos conflitantes, mas o oposto é verdadeiro. A profundidade da ética de conservação vai ser medido pelo grau em que cada uma das duas abordagens para a natureza é utilizada para remodelar e reforçar a outra. O paradoxo pode ser resolvido alterando suas instalações em formas mais adequadas para a sobrevivência final, incluindo a protecção do espírito humano.
(Wilson, 1992:12)
Portanto, dado a importância sobre a diversidade, é importante salientar ao dilema da sua conservação diante da exploração humana, especialmente daqueles que visam lucro a curto prazo. Mas somente a iniciativa de políticas públicas não é o suficiente, torna-se imperativo educação e mudança de posturas da sociedade como todo, desde campanhas de conservação no resgate de uma única espécie ameaçada de extinção ampliando para revitalização, até reflorestamentos em massa de espaços urbanos, áreas desertificadas e adoção de estratégias eficientes para tecnologias limpas em todos os segmentos. O desejo consiste na obtenção de resultados significativos e duradouros, contando que no curto e longo prazo a informação e a discussão bem fundamentadas possa levar a tão falado e buscado "desenvolvimento sustentável da biodiversidade".
Esta publicação não pretende esgotar o assunto. São paradigmas que serão objetos de estudos no programa de Mestrado em Cidadania e Participação Ambiental.
Referências Bibliográficas:
Bíblia. Português. Bíblia Sagrada: Velho Testamento. Tradução de Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. São Paulo: Prol Editora Gráfica, 2011. 1337 p.
DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. e-book, tradução do doutor Mesquita Paul. Porto: Lello & Irmão Editores. p.572, 2003.
HOUAISS, Instituto Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva. 1ª Edição. p.3181, 2001.
https://australianmuseum.net.au/what-is-biodiversity [20 de outubro de 2018]
http://awsassets.panda.org/downloads/lpr_living_planet_report_2016.pdf [22 de outubro de 2018]
http://www.pnas.org/content/early/2018/10/09/1722477115 [20 de outubro de 2018]
WILSON, E.O..(Ed.) Biodiversidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, pp. 36-45, 1997.
WILSON, E.O. Diversidade da Vida. e-book, tradução de Carlos Afonso Malferrari. São Paulo: Editora Schwarcz, p.345, 1992.
Imagens: Peter Scheller (2018)